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sábado, setembro 30, 2006

Vôo 1907

Colisão é "inexplicável", afirma a Infraero



José Carlos Pereira, presidente da empresa, também diz que sobrevivência de passageiros de um dos aviões ajudará na investigação


"Não há como os pilotos não terem sido alertados. Tecnicamente, era impossível eles terem se chocado", disse Pereira



ELIANE CANTANHÊDE


COLUNISTA DA FOLHA


O presidente da Infraero (empresa responsável pelos aeroportos), brigadeiro José Carlos Pereira, disse ontem à Folha que a colisão entre o Legacy da Embraer e o Boeing da Gol "é inexplicável", mas três fatores deverão colaborar com as investigações do caso: a sobrevivência dos passageiros do Legacy, a caixa preta do Boeing e a sofisticação dos equipamentos de ambos, que são novíssimos.

O brigadeiro J. Carlos, como é conhecido, disse que o Legacy tem matrícula norte-americana e seu piloto, também norte-americano, declarou que só teve tempo de "ver um vulto e sentir o impacto". Não viu nada do que aconteceu depois com o outro avião.
Um dos aviões deveria estar a 37 mil metros de altura e o outro, a 36 mil, além de separados por no mínimo 300 metros. Ambos tinham equipamentos de última geração para alertar sobre a proximidade de qualquer objeto sólido. Os seus alarmes são visuais e sonoros e, em caso de emergência, indicam o movimento que os pilotos devem fazer.
"Não há como os pilotos não terem sido alertados. Tecnicamente, era impossível eles terem se chocado", disse o brigadeiro, sem querer especular sobre a possibilidade de falha mecânica ou humana e se dizendo
"chocado".

O Legacy transportava, além do piloto, também o proprietário da aeronave e um ou dois jornalistas, todos norte-americanos, e eles saíram praticamente ilesos do acidente.

Quanto às avarias do avião fabricado pela Embraer, o brigadeiro definiu assim: "O Legacy perdeu parte da asa e sofreu avarias graves na engrenagem vertical, também chamada de cauda".

Mesmo assim, o avião conseguiu pousar. Já o Boeing da Gol simplesmente sumiu dos radares aeronáuticos e não havia, até perto da meia-noite de ontem, qualquer indício, informação, declaração ou indicação de que tenha tido o mesmo
destino.

A Infraero -que tinha três altos funcionários no Boeing-, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e o Comando da
Aeronáutica improvisaram um núcleo de emergência, na torre
do aeroporto de Brasília, para acompanhar os desdobramentos das buscas.

sexta-feira, setembro 22, 2006

10 coisas que seu gerente nunca vai dizer

Todo mundo que tem algum dinheiro precisa lidar com um gerente de banco. Torne essa relação menos desigual

Por Cláudia Bergamasco

Ele resolve todos os seus problemas. É diligente quando você liga e pede uma ajuda. Parece estar sempre atento a possíveis problemas.

Mas há coisas que o seu gerente de banco não revela. Um exemplo? O fato de ele ver em você uma ótima oportunidade para
cumprir as metas de vendas do mês. Independente do que esteja sendo vendido.

Saiba as 10 coisas que seu gerente nunca vai dizer.


"O que eu ofereço é sempre bom para o banco, mas não para você"
Quem pensar no gerente do banco como um consultor financeiro pessoal corre o risco de acabar fazendo péssimos negócios. Quase todas as recomendações dos gerentes atendem aos interesses do banco, não aos do cliente. Não é desonestidade pessoal, mas o resultado da forma como os bancos trabalham. O gerente é um vendedor que tem metas a cumprir para os principais produtos -- cheque especial, títulos de capitalização, seguros, poupança --, e seu emprego depende de atingir essas metas todos os meses. Obviamente, as metas são estabelecidas de modo que os produtos mais oferecidos sejam aqueles que fazem o banco lucrar mais e, portanto, custam mais para o cliente. O resultado é que, em um determinado mês, o gerente vai jurar para você que os títulos de capitalização serão o melhor negócio do mundo. No mês seguinte, será a vez da poupança e, depois disso, virão os seguros. O principal problema é que essas recomendações não costumam levar em conta nem o perfil de risco nem as necessidades individuais de cada cliente. "Seja firme na hora de dialogar sobre seus investimentos", diz Sérgio Galvão Bueno, sócio da consultoria paulista LLA, especializada em finanças pessoais. "Por mais persuasivos que sejam os argumentos, não compre o que o seu gerente quer vender, a menos que o produto seja adequado a seu perfil de investidor."


"Vou cobrar diversas tarifas sem avisar"
Muitas vezes os bancos escondem tarifas em seus serviços, que somente serão notadas bem mais tarde, quando chegar a conta. O analista de sistemas Delman Ferreira, de Brasília, imaginava que financiar a compra de seu Polo zero-quilômetro em um banco seria melhor do que parcelar na concessionária. As taxas costumam ser menores, e é possível -- pensava Ferreira -- evitar gastos como a taxa de abertura de crédito (TAC) cobrada pela financeira da concessionária, normalmente muito superior àquela dos bancos. Por isso, em fevereiro de 2006, Ferreira parcelou a compra em 60 prestações de 943 reais. Para pagar a primeira parcela, o analista de sistemas abriu uma conta no banco e depositou 1 000 reais. Ao consultar a instituição, dias depois, o analista teve a desagradável surpresa de ver um saldo negativo de quase 300 reais. Além de descontar de uma vez a contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF) referente ao valor total do carro, o banco cobrou para manter o limite do cheque especial e a conta aberta. A emissão de extratos também foi cobrada.


"O juro dobra se você estourar o cheque especial"
O cheque especial está entre os seis produtos mais rentáveis de qualquer banco. Não é para menos. Em junho, segundo o Banco Central (BC), os juros cobrados eram de 7,8% ao mês ou mais de 145% ao ano. É uma taxa altíssima. O que poucos clientes sabem é que a conta fica -- se é que isso é possível -- ainda mais salgada se os gastos ultrapassarem o limite estipulado pelo banco. Nesse caso, o cliente entra numa linha de crédito específica chamada Adiantamento a Depositante, que tem uma taxa de juro de cerca de 15% ao mês, o que representa estratosféricos 435% ao ano. O cliente também paga uma tarifa média de 20 reais para cada cheque emitido nessas circunstâncias. O peso disso em qualquer empréstimo pode ser demonstrado por um cálculo simples. Imagine um cliente com limite de cheque especial de 1 000 reais e que custa 7,8% ao mês. Se, por um descuido, ele passar a dever 1 500 reais no cheque especial, terá de pagar por mês 78 reais sobre o limite, 75 reais sobre o excesso de limite e mais 20 reais referentes à tarifa. Contabilizando impostos e CPMF, a fatura, só com os juros, vai para mais de 177 reais por mês. Se cair mais um cheque, além dos juros, o banco vai cobrar novamente a tarifa de 20 reais. São taxas elevadíssimas, mas sua aplicação pelos bancos é perfeitamente legal. Por isso, a recomendação é evitar ao máximo usar o cheque especial e nunca, nunca superar o limite.

"Sacar dinheiro com o cartão de crédito é caro"
O cartão de crédito funciona como meio de pagamentos e como forma de o banco emprestar dinheiro automaticamente para o cliente. Por isso, quase todo cartão de crédito permite ao usuário sacar dinheiro em caixas automáticos. Pouca gente sabe, porém, que os encargos que incidem sobre essa operação são salgados. O saque é um empréstimo no cartão, e as taxas médias são de 8% ao mês. Além disso, o usuário paga de 1,95 a 8 reais por saque. O cliente que fizer três saques de 10 reais vai levar 30 em dinheiro e terá de pagar 24 em juros e tarifas, 80% do total sacado. Esses detalhes constam do contrato do cartão de crédito, mas poucas pessoas se preocupam em lê-lo.

"Não conheço bem os produtos do banco"
Em fevereiro de 2006, o engenheiro mecânico paulista e Ph.D. em finanças Marcos Crivelaro decidiu investir 10 000 reais em um dos fundos do banco onde tinha conta. Saiu da agência de mãos abanando. Ele havia escolhido um fundo, mas seu gerente não conhecia o produto -- e, portanto, ignorava que só está aberto para captação em quatro dias no ano, das 10 às 15 horas. "Até pouco tempo atrás, o fundo não constava nem da tabela de rentabilidade que o banco envia aos clientes", diz Crivelaro.

"Os juros do crédito imobiliário são o dobro do que parecem"
Comprar um imóvel com financiamento do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) parece ser um ótimo negócio. Os juros variam de 6% a 12% ao ano, mais a variação da Taxa Referencial (TR), que costuma ser menor que 3% ao ano. Aparentemente, são taxas muito mais amigáveis do que a média das cobradas pelos bancos. Na prática, porém, outros custos farão o mutuário pagar quase o dobro de juros. Além dos juros, os bancos costumam cobrar uma taxa de administração do contrato que varia de 12 a 80 reais. Além disso, o mutuário geralmente tem de pagar dois seguros, um por morte ou invalidez permanente e outro por danos físicos ao imóvel. Juntos, eles representam cerca de 9% do valor da prestação, segundo cálculos do professor Rafael Paschoarelli, doutor em finanças pela Universidade de São Paulo e autor do livro A Regra do Jogo (Editora Saraiva, 180 págs.). Há mais duas taxas no financiamento: a de vistoria do imóvel e a de verificação da documentação. Além disso, o mutuário deve pagar o imposto de transmissão de bens intervivos (ITBI), equivalente a 2%
do valor do imóvel, para que o dinheiro do financiamento seja liberado. Para ter idéia do peso desses adicionais, Paschoarelli simulou um empréstimo de 150 000 reais com taxa de 12% ao ano mais TR. "O comprador paga cerca de 15 000 reais a mais nesses penduricalhos, além dos juros", diz ele. Sua recomendação é fazer as contas com cuidado.

"Pagar dívidas antes do prazo custa dinheiro"
O cliente endividado que resolver quitar seu débito com o banco fará um mau negócio. Nesse caso, o banco deverá cobrar uma Tarifa de Antecipação de Crédito, que, na média, é igual a 10% do valor a ser quitado. "Para o banco, não é interessante que você pague a dívida antecipadamente porque, nesse caso, ele não vai receber os juros das parcelas restantes", diz Ricardo Almeida, professor do Ibmec São Paulo. "Se o cliente antecipar o pagamento, o contrato tem de ser revisto, o que gera custo para o banco." Segundo ele, o cliente tem direito de obter desconto na taxa de juro, mas dificilmente deixará de pagar a Tarifa de Antecipação de Crédito.

"Meus fundos de varejo conservadores rendem pouco"
Quando oferecem um fundo de investimento conservador a seus clientes, muitos gerentes comparam a rentabilidade do fundo com a da caderneta de poupança. "Como a poupança rende muito pouco, um fundo ruim parece ser um excelente investimento quando comparado a ela", diz William Eid Júnior, diretor do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, que realizou a avaliação dos fundos no Guia EXAME de Investimentos Pessoais. Para evitar ser enganado por essa distorção, o cliente deve tomar um cuidado específico na hora de investir. Nesse momento, a rentabilidade dos fundos DI ou de renda fixa -- os mais conservadores do mercado -- deve ser comparada à variação das taxas do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que balizam as operações realizadas entre bancos. Outro cuidado é prestar atenção na taxa de administração, que é a remuneração cobrada pelo gestor do fundo para administrar o dinheiro. Essa taxa é um percentual do total investido, e será cobrada todos os dias, independentemente do desempenho do fundo. Vale aqui uma velha regra do sistema bancário: quem tem menos dinheiro paga mais caro. Fundos de investimento mais populares, aqueles com depóstivo inicial mínimo de até 1 000 reais,costumam cobrar as taxas de administração mais altas, que podem chegar a 5% ao ano. Nesses casos, sempre vale a pena perguntar ao gerente qual é a taxa de juro paga para aplicações em renda fixa, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB), e compará-la com o desempenho do fundo.

"A previdência privada custa mais do que você imagina"
Responda rapidamente: qual é a taxa de administração de seu plano de previdência privada? E a taxa de carregamento? Não se sinta mal por não saber o que esses nomes significam. Milhares de investidores ignoram que os bancos cobram um percentual do patrimônio para gerir o dinheiro (a taxa de administração) e um "pedágio" sobre cada nova aplicação, para cobrir os custos operacionais (a taxa de carregamento). A taxa de administração oscila entre 1% e 4% do total investido, sendo que a média é de 2,3% ao ano. A taxa de carregamento pode variar de 0,5% a 10% de cada aplicação. Sua média, atualmente, é de 3,3%. Os planos de previdência também podem cobrar uma taxa de saída, que incide sobre os valores resgatados e, na maioria das vezes, é de 0,38% sobre o montante resgatado. "Juntas, essas três taxas, mais o imposto de renda sobre os rendimentos ou sobre o total resgatado, que oscila de 10% a 35%, podem corroer a rentabilidade do plano", diz Marcelo D'Agosto, consultor da Investmate, consultoria especializada em finanças pessoais, de São Paulo. Como a previdência privada é uma aplicação de longo prazo por excelência, vale muito a pena procurar as menores taxas: a diferença é brutal depois de 15 ou 20 anos. Por exemplo, o investidor que tiver 1 milhão de reais aplicado vai pagar aproximadamente 10 000 reais por ano a mais a cada ponto percentual suplementar de taxas cobrado pelo banco.

"Capitalização é um péssimo negócio"

Um cliente que precise elevar seu limite de cheque especial pode ser "convidado" a comprar um título de capitalização para oferecer "reciprocidade" ao banco. "Os títulos de capitalização são a pior besteira que você pode fazer com seu dinheiro", diz o professor Rafael Paschoarelli. A capitalização mistura poupança com loteria, em que o investidor tem a chance de ganhar prêmios em dinheiro sorteados entre os clientes. "A capitalização é um investimento ruim e um jogo ineficiente, pois quem administra essa loteria cobra caro", afirma Paschoarelli. "É melhor arriscar na Megasena."

terça-feira, setembro 12, 2006

Às pessoas com mais de 40 anos..."

Nascer nos anos 50 ou 60 foi barra. Uma geração foi feita para romper com a anterior, mas essa chegou ao mundo para mudar todos os conceitos de várias gerações. Faz apenas 50 anos que apareceu a televisão, o chuveiro elétrico, a declaração dos direitos humanos e a revista Playboy. Casar era pra sempre, sustentar filhos era até quando eles conseguissem emprego, as certezas duravam a vida toda e os homens eram os primeiros a serem servidos na sala de jantar. As avós eram umas velhinhas e hoje uma mulher de 40 ou 50 anos é um mulherão. Todos nos vestimos como nossos filhos. Não existem mais velhos como antigamente . Essa foi uma geração que mudou tudo. Culpa da pílula, dos Beatles, da Internet, da globalização, do muro de Berlim, da televisão, da tecnologia, do Viagra. Até morrer ficou diferente.
Na minha rua havia um velhinho que morria aos poucos. Ficou uns dez anos morrendo e isto aconteceu logo depois de completar 57 anos. Hoje se morre com 80 ou aos 90 e é um vapt-vupt. Com a pílula, a mulher teve os filhos que quis e ela sempre quer poucos. Como não conseguimos mais sustentar uma família, elas foram à luta e saíram para poder pagar a comida congelada, a luz e o telefone. Se a coisa não vai bem: é fácil a separação, difícil é pagar a pensão.


Hoje aprendemos a ouvir as crianças falando sobre namorado da mãe e o pai do irmão e temos apenas 15 minutos para ficar com a certeza de que tudo isso é normal e saudável. As pessoas que têm mais de 40 anos têm 15 minutos para dar uma opinião sobre o clima da terra, o aquecimento global, os transgênicos, as mortes das baleias, a guerra da Chechênia, o orgasmo múltiplo, a venda e a falta de empregos, os muçulmanos, a reforma agrária. Sem esquecer de ser politicamente correto, é claro.


Em 50 anos tiraram a filosofia da educação e como o pensamento era reprimido pela revolução tudo virou libertação. Pedagogia da libertação, teologia da libertação, psicologia da libertação. Deu no que deu. Burrice liberada. Burrice eleita.
As pessoas de mais de 40 anos aprenderam à tapa e na rapidez a assimilar todas as mudanças do mundo. Os filhos, por falta de emprego, não têm mais anseios de ir embora. Ficam morando eternamente e mandando na casa e com os controles remoto da TV, do DVD, do ar-condicionado na mão. Afinal, quem detém o poder do controle remoto manda na casa. São eles.


Um amigo lá na casa dos 40 contou que o pai sentava-se à mesa e a mãe servia o prato. Quando era galinha, ela vinha inteira. O pai gostava de sobre-coxa. Pronto, as duas eram para ele. Meu amigo também adorava sobre-coxa, mas pensava que quando se casasse sentar-se-ia à mesa e receberia a maravilha de ser agraciado com o fruto de seu desejo. Aí, a libertação aconteceu e os filhos passaram a se servir primeiro. O desgraçado do filho mais velho deu para gostar da sobre-coxa. Ele contava que apenas quatro vezes na vida conseguiu comer o que mais gostava. E nem dar um tapa no filho pode. Pode ficar traumatizado.


As pessoas de mais de 40 anos sabiam de cor a escalação do Cachoeira no tempo do Calderaro, Zinn I, Zinn II, Diniz. Hoje aprenderam a escalação do Botafogo de Ribeirão Preto, que tinha no ataque Polleto, Buratti, Barquete e Palloci. E como esses caras roubavam no jogo! Para as pessoas de mais de 40 anos, palhaço era o Carequinha da TV Piratini. Hoje o povo inteiro é meio palhaço, meio pateta. Ladrão era Corunilha, hoje os ladrões tomaram conta dos palácios, da Câmara e de uma cidade que não existia, chamada Brasília. Ângela dançaria só na zona.


Naqueles tempos, frango jamais ficava gripado, no Rio Grande do Sul só tinha enchente, presidente era alfabetizado, experiência com feijão e algodão germinando a gente fazia na escola e não em vôo espacial. Movimento social era reunião dançante, dia da mentira não era data nacional, piercing quem usava era índio botocudo, mansão do lago era algo de filme de terror e não lugar onde se divide dinheiro.


O homem chegava à lua e descobria que a Terra era azul, hoje um brasileiro se emocionou ao ver o Brasil lá do alto, é marrom e fede; caseiro não era mais ético do que ministro; quadrilha era dança e não razão de existir de partido político; operário era padrão e não rimava com ladrão. Ninguém tinha um esqueleto no armário nem dava tiro no pé. Manteiga era usada pelo Marlon Brando no Último Tango em Paris. Pizza se comia em casa e era bem alta, com molho de tomate e sardinha; hoje entregam uma a toda semana no Congresso do Planalto. O clube dos cafajestes eram uns playboys e não um País.


As pessoas de + de 40 anos estão assim meio tontas, mas vão levando. Fumaram e deixaram de fumar, beberam um whisky com muito gelo, hoje tomam água mineral, foram marxistas até descobrir quem foram os irmãos Marx, não têm mais certeza de nada e a única música do Beatles a tocar é "Help".
Pára Brasil, que os caras de mais de 40 anos querem descer.

P.S.
Ao ler esta mensagem dá um aperto no coração só de pensar que tudo isso é verdade! Que a nossa realidade está de fazer vergonha! E o pior, será que alguém sabe o que é "vergonha"?

A MISSÃO DE TODOS NÓS

Uma vez que comportamento é sempre uma decisão pessoal, cabe a cada um descobrir sua missão e decidir se vai realizá-la ou não.
Por Floriano Serra *

A certa altura do famoso livro de Antoine de Saint-Exupéry, o Pequeno Príncipe diz:
- “Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa se não somas. E o dia todo repete como tu: “Eu sou um homem sério”! Eu sou um homem sério!"

E isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!”
Pegando carona nessa analogia, acredito que há apenas duas maneiras de você encarar sua passagem aqui na Terra: ou você é um cogumelo ou acredita que tem uma nobre Missão a cumprir.

Isto é: ou você é daqueles que, de forma insensível e obsessiva, só reverencia o ganho material ou você aceita que sua existência tem um sentido maior do que o de apenas ocupar um espaço físico – e, nessa condição, contribui para que coisas boas aconteçam.

Isso faz toda a diferença do mundo para torná-lo um vencedor, porque essa é a base do comprometimento, da auto-motivação e do compromisso com a qualidade.
Se um profissional, de qualquer segmento, tem essa visão transcendente de vida, então ele não levanta da cama e se veste todo dia para ir ao trabalho apenas cumprir seu horário para ganhar o salário no final do mês. Isso seria absoluta falta de consciência de uma missão e, pior ainda, seria reduzir sua capacidade criativa e produtiva a uma mera troca por remuneração e transformar seu trabalho numa relação somente contratual, tipo toma-lá-dá-cá. Será muito difícil para essa pessoa amar o que faz. E é muito provável que ela passe o dia acompanhando ansiosa os ponteiros do relógio aguardando a hora de ir embora.

Cadê a felicidade nesse trabalho que consome pelo menos dez horas de cada dia da sua vida? Não podemos esquecer que, dentre outras coisas, a felicidade vem da consciência de que sua missão está a se cumprir.
Faça um teste: reflita sobre seus afazeres diários, não importa em que segmento do mercado você atue. Tente descobrir de que maneira e com que grau de importância você, com seu trabalho, afeta a vida de outras pessoas, seus clientes internos e externos.

Viu como é importante o que você faz? E, por conseqüência, viu como você é importante?

Dependendo da sua profissão, com o seu trabalho você pode afetar, de forma positiva ou não, o bem estar, a saúde, o humor, o tempo, a segurança, a alimentação, o visual, o comportamento - e tantas coisas mais – de muitas pessoas, a maioria das quais você talvez nem conheça e provavelmente nunca virá a conhecer. Sua participação nisso tudo pode ser direta ou indireta, pode ser explícita ou anônima, pode ser de inúmeras maneiras, mas nem por isso alguma delas deixará de ser importante.

Não há funções inferiores, desde que o desempenho delas esteja revestido de comprometimento, competência, ética, solidariedade e boa vontade.
Lembra de como você se sente quanto busca um serviço e é mal atendido ou quando adquire um mau produto? Essas coisas acontecem porque há quem preste serviços ou produza bens sem levar em conta a importância do seu trabalho, sem considerá-lo uma missão. E assim, mesmo que não tenha consciência disso, está provocando em outras pessoas o aborrecimento, a tristeza ou até a doença.

O que quero dizer é o seguinte: em tudo que é feito ou oferecido por um profissional, há um sentido maior e mais digno do que simplesmente a busca do lucro. Além do ganho financeiro, há também aquele que gosto de chamar de “ganho espiritual”, aquele que necessariamente não é o que satisfaz ao bolso, mas certamente alegra a alma e o coração.

É isso que molda os vencedores, entendendo-se como tais não aqueles que têm a conta-corrente mais recheada, mas aqueles que estão em paz consigo e com os demais, pela consciência do cumprimento permanente de sua missão.

É por causa dessa missão que há empresários que não esquecem do coração na hora de administrar seu lucro com a razão. Empresários que, com o mesmo interesse e empenho com que investem na expansão dos seus negócios, também investem na expansão da arte, da cultura, na saúde física e emocional dos seus Colaboradores. Retorno? Ganho espiritual.

Dessa maneira, são felizes e distribuem felicidade.

É por causa dessa missão que há funcionários que também não esquecem do coração na hora de cumprir suas tarefas diárias, ainda que elas pareçam rotineiras e sem importância. Eles sabem que o todo é feito de pequenas partes. Estes são Colaboradores alegres, dispostos, éticos e comprometidos com a qualidade do que fazem porque, pela consciência da missão, sabem que seu serviço ou produto destina-se a fazer melhor a vida ou o trabalho de alguém.

Enfim, uma vez que comportamento é sempre uma decisão pessoal, cabe a cada um descobrir sua missão e decidir se vai realizá-la ou não. Quando dava meus primeiros passos em teorias de liderança e administração, li em algum lugar que "não há funções nem seres inferiores; inferior é cumprir mal sua missão".
Acredito nisso até hoje, mais de 30 anos depois.


* Floriano Serra é psicólogo, autor do livro "A Empresa Sorriso" (Editora Butterfly). É diretor de RH e Qualidade de Vida da APSEN Farmacêutica